Uma das paisagens e ecossistemas que mais me impressiona é o mangue. O mangue é um ecossistema situado em áreas litoraneas tropicais como rios e lagoas, regularmente inundado pela água salobra. Estive na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e como tenho fascínio pelo manguezal, documentei muita coisa para contar. O mangue é um ecossistema delicado e riquíssimo em diversidade de espécies. Os manguezais são importantes para a manutenção da vida marinha, porém têm sofrido profundas alterações promovidas pela ocupação urbana e pela especulação imobiliária. A intensa pressão do crescimento da cidade deixa suas marcas na paisagem nativa: viadutos e metrô sendo construídos para melhorar o transito na margem dos manguezais, o lixo na lama do mangue que fica no sobe/desce das marés. Pior são os dejetos lançados nas lagoas que poluem e detonam o meio ambiente.
A Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro teve uma parte do planejamento paisagístico e urbanístico em 1986 e 1990 desenvolvido pelos renomados arquitetos paisagistas Fernando Chacel e Sidney Linhares* que desenvolveram o conceito atual de ocupação e já naquela época buscava preservar e recuperar as áreas de mangue e a restinga. Já se delineava a intensa urbanização que se consagrou com o desenvolvimento desta zona do Rio e tentou compatibilizar com a construção de condomínios verticais e horizontais na década de 1990. Na região temos ainda as montanhas que são áreas de preservação ambiental e reforçam a importância do mangue como área de transição e como zona de amortecimento entre ecossistemas tão diferentes.
A vegetação típica de mangue possui raízes enormes, partes delas são aéreas. Este sistema radicular é adaptado para sobreviver às cheias das mares e aos períodos de seca e maré baixa, e ainda à água salobra. O mais interessante destas raízes esculturais é a capacidade de absorver a matéria orgânica em decomposição que fica na lama do manguezal.
Veja galeria de fotos com a vegetação de mangue na Barra no Rio de Janeiro:
* Visões da Paisagem, ABAP, Associação brasileira de arquitetos paisagistas. Organizado por Guilherme Dourado. São Paulo. 1997.