A Gastroterapia é uma atividade de reconexão e reflexão, mais do que uma aula de jardinagem ou culinária. Para saber sobre este tema tão interessante e atual, conversei com a terapeuta Michele Valent que mora em Teutonia e lá desenvolveu a “Gastroterapia”. Michele Valent é ativista do movimento Slow Food, médica psiquiatra, com mestrado em psicopatologia do trabalhador e cozinheira profissional formada pelo Italian Culinary Institute for Foreigners – ICIF/UCS.
O que é esta união da gastronomia com a terapia?
Michele: É um exercício de educação emocional através da jardinagem e da culinária. Com um tema diferente a cada encontro, os participantes elaboram e degustam uma refeição completa – da entrada à sobremesa, da horta ao prato.
Uso a gastronomia como veículo para trabalhar e para responder algumas das demandas mais prementes do homem contemporâneo. Começo com o plantar, o cultivar e o colher, e o espaço da agricultura na vida urbana. Tento resgatar essa possibilidade, reavivar o laço com uma origem rural não muito distante, que sobrevive na memória afetiva e na vontade. Lanço a provocação e convido as pessoas a investigarem os arquivos vivos de suas culturas, as pessoas mais velhas, os camponeses conhecidos. Observamos que muitas pessoas não percebem de onde vêm os alimentos que comem e não dão a importancia devida a alimentação. E tem várias pessoas que são muito informadas quanto à alimentação e vem para saber mais.
Como estabeleces estas conexões?
A produção do alimento ressignifica o trabalho, porque refaz o link direto entre trabalhar e comer, recorda à pessoa o motivo de levantar todos os dias e tolerar tantas frustrações. E por aí, vai. No cultivo e na cozinha, trabalho a prática da atenção plena, do estar no momento presente como antídoto contra a ansiedade moderna. Trabalho a tolerância, a paciência, o zelo e outras tantas virtudes esquecidas em nossa cultura da pressa e do descartável. Trabalho a comensalidade, o ser anfitrião e matriarca/patriarca – o agregar a família ao redor do fogo do lar ou da mesa, sem exclusões.
Como funcionam os encontros de gastroterapia?
É difícil, depois de uma certa idade, formar novos amigos – e comer juntos, preparar uma refeição – facilita esse movimento. Pessoas de formações muito diferentes, vindas de diferentes pontos, se reúnem para lembrar, para trocar e para conviver. Após o encontro, quando retornam para suas casas, trazem de volta à mesa os familiares sugados pelas telas dos eletroeletrônicos. Enfim, são outros valores: contra o consumo, micropolítica na escolha do que se come, na valorização do pequeno produtor, a gastronomia como ato artístico, cultural, nutricional, químico e agrário.
Quer saber mais informações , olha o link https://www.facebook.com/notes/gastroterapia/perguntas-mais-frequentes-sobre-a-gastroterapia/937312929645681